Mãe estudou psicopedagogia para ajudar no aprendizado da filha. As duas passaram no vestibular para um curso com seis candidatos por vaga.
Até onde vai a dedicação de uma mãe? Jacqueline está ajudando a filha, Tatiane, a se superar e realizar um grande sonho. A receita? Paciência, disciplina e amor.
“Vamos conhecer nosso laboratório?”, diz o estagiário Celso.
A partir do ano que vem, este vai ser o ambiente de estudo da Tatiane, uma cozinha industrial. No começo, ela estranhou.
Estagiário: A gente vai fazer depois para você um demonstrativo de pão sírio e montar um lanche de beirute para vocês.
Jaqueline: Gostoso, Tati?
Tatiane: Comer eu vou, agora fazer não.
Jaqueline: Gostoso, Tati?
Tatiane: Comer eu vou, agora fazer não.
Com jeitinho, ela aceitou ser ajudante do futuro professor.
Professor: Pode colocar de uma vez.
Tatiane: Tudo de uma vez?
Professor: Quer fazer um pouquinho com a farinha? Despejar a farinha?
Tatiane: Vai então...
Professor: Passa a farinha na mão e agora você modela a farinha. Só roda.
Tatiane: Tudo de uma vez?
Professor: Quer fazer um pouquinho com a farinha? Despejar a farinha?
Tatiane: Vai então...
Professor: Passa a farinha na mão e agora você modela a farinha. Só roda.
Aos pouquinhos, Tatiane descobriu o sabor da nova conquista. Ela tem síndrome de Down e, aos 20 anos, entrou na faculdade. E está contando os minutos para começar a nova etapa.
Tatiane: Eu quero ir direto pra faculdade. Direto. Nervosa, nervosa eu não estou.
Fantástico: Está o que então?
Tatiane: Ansiosa
Fantástico: Está o que então?
Tatiane: Ansiosa
O nome Tatiane Bartelli Rotelo aparece em 32º lugar na lista dos aprovados no curso de gastronomia, um dos mais concorridos de um centro universitário. Foram seis candidatos por vaga. Este foi o desafio da Tatiane este ano: prestar vestibular em uma faculdade que oferecesse a ela condições iguais a dos outros alunos. Ela fez a mesma prova que os outros candidatos, teve o mesmo tempo para responder às questões, o tema e as regras da redação também. A única diferença é que ela teve o acompanhamento de uma psicopedagoga para ajudá-la na compreensão da prova.
“Um aluno como a Tatiane que tem síndrome de Down, é claro que ele tem um limite de uma pessoa com síndrome de Down. O legal é que o tema proposto foi seguido pela Tatiane exatamente à risca”, diz Valéria Torres, pró-reitora da Unipinhal.
A vitória de Tatiane foi uma festa na família.
Fantástico: Como é saber que você conseguiu passar no vestibular?
Tatiane: Eu fiquei um pouquinho alegrinha, mas quem fez mais festa foi a minha mãe.
Jacqueline: Eu pulei muito, eu gritei no quintal, eu fiz uma festa danada, peguei ela no colo e falei: ‘Mauro pega os foguetes’. Ele falou, mas o que aconteceu? Eu falei. ‘A Tatiana passou no vestibular’.
Tatiane: É importante na minha vida. Chegar até aqui foi um mérito meu.
Tatiane: Eu fiquei um pouquinho alegrinha, mas quem fez mais festa foi a minha mãe.
Jacqueline: Eu pulei muito, eu gritei no quintal, eu fiz uma festa danada, peguei ela no colo e falei: ‘Mauro pega os foguetes’. Ele falou, mas o que aconteceu? Eu falei. ‘A Tatiana passou no vestibular’.
Tatiane: É importante na minha vida. Chegar até aqui foi um mérito meu.
Mas Tatiane não vai enfrentar esse novo desafio sozinha. A mãe, Jacqueline, também passou no vestibular e vai estudar com a filha.
“Primeiro porque eu gosto de gastronomia, segundo porque seria uma maneira dela se tornar mais independente, que é o que a gente tanto quer na vida dela. O fato de eu estar vindo junto é um pouco de segurança também”, conta Jaqueline.
Tatiane vai estudar à noite em Espirito Santo do Pinhal, interior de São Paulo. Ela mora a 30 quilômetros dali, na zona rural de Andradas, já em Minas. Desde que nasceu, toda a família se mobilizou para estimular o desenvolvimento dela.
“Fez fisioterapia pequenininha, teve alta aos cinco meses, sentou aos seis, engatinhou aos sete, andou aos onze meses", diz Jacqueline.
Para ajudar no aprendizado da filha, Jacqueline fez pedagogia. E depois, psicopedagogia. “Eu descobri como ela lia. Eu não precisei pegar na mão dela para ela escrever. Ela escreveu”, conta.
Mas Jacqueline e o marido não quiseram matricular a filha em uma escola com atendimento especial. Tatiane foi para um colégio regular desde o início.
Mas Jacqueline e o marido não quiseram matricular a filha em uma escola com atendimento especial. Tatiane foi para um colégio regular desde o início.
Fantástico: Você nunca quis que ela fosse tratada diferente das outras crianças?
Pai: Não. Nunca quis. Eu acho que ela tinha capacidade para superar o que viesse na frente dela.
Foi também com a mãe e ao lado da irmã que Tatiane aprendeu preparar os doces que a família vende. E nas tarefas de casa, nada de moleza.
“Tem que lavar, passar, guardar. Depois, na hora do jantar, ela é responsável pelos pratos, pelos talheres. Porque ela tem que aprender a se virar sozinha, ela tem que ser independente”, afirma Jacqueline.
Pai: Não. Nunca quis. Eu acho que ela tinha capacidade para superar o que viesse na frente dela.
Foi também com a mãe e ao lado da irmã que Tatiane aprendeu preparar os doces que a família vende. E nas tarefas de casa, nada de moleza.
“Tem que lavar, passar, guardar. Depois, na hora do jantar, ela é responsável pelos pratos, pelos talheres. Porque ela tem que aprender a se virar sozinha, ela tem que ser independente”, afirma Jacqueline.
Tatiane tem sonhos. “Vou construir restaurantes com buffet”, diz.
Orgulho do pai, felicidade da mãe que agora vai ser caloura da faculdade ao lado da filha.
Orgulho do pai, felicidade da mãe que agora vai ser caloura da faculdade ao lado da filha.
“Quando você vê que a sua filha está ali, que ela está no meio dos outros por mérito dela, que ela conseguiu, que acolheram ela, Nossa Senhora, não tem preço”, diz Jaqueline.
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