Flávio dos Santos Ferreira Junior criou dispositivos que ajudam os cadeirantes a realizarem tarefas corriqueiras e foi convidado pela Autodesk a expor o projeto nos EUA
LAS VEGAS * – Subir alguns degraus de escada para entrar em um prédio ou transpor uma simples calçada são tarefas comuns para a maioria das pessoas. Mas o que muita gente faz sem a menor dificuldade pode ser um desafio para quem possui necessidades especiais. Pensando nisso, o estudante de engenharia mecânica Flávio dos Santos Ferreira Junior, de 23 anos, criou dispositivos que ajudam os cadeirantes a realizarem atividades corriqueiras e foi reconhecido com prêmios em concursos promovidos pela empresa de software Autodesk. Ferreira utiliza o programa Inventor, disponibilizado gratuitamente pela Autodesk para estudantes de todo o mundo.
“Tudo começa com o software. Com ele eu consigo ‘soltar’ minhas ideias e modelar todo o projeto. Posso fazer simulações, identificar problemas e saber se vai funcionar ou não. Sem isso minhas ideias jamais sairiam do papel”, disse ao InfoMoney durante o evento Autodesk University 2014, realizado em Las Vegas.
Uma das suas invenções é um sistema que auxilia os cadeirantes a subirem rampas de acesso muito inclinadas. O dispositivo é formado por uma espécie de trilho fixado na parede, que leva um módulo com um braço articulado. Impulsionado por um motor elétrico e preso à cadeira de rodas por um cinto, o módulo corre pelo trilho rumo ao topo da rampa, sem que o cadeirante precise fazer força ou pedir ajuda (ver sequência de imagens ilustrativas abaixo).
“Eu identifiquei este problema na minha universidade. O prédio tem rampas de acesso, mas o ângulo é muito inclinado. O cadeirante não consegue subir sem auxílio, porque precisa fazer muita força e ainda corre o risco de tombar. Então pensei: ‘tenho conhecimento de software e engenharia. Vou desenvolver uma solução para este problema”, afirma Ferreira.
Veja nas ilustrações como funciona o sistema criado por Ferreira:
O estudante já é veterano do Autodesk University. No ano passado ele também foi convidado a participar do congresso como reconhecimento por outro projeto de acessibilidade que desenvolveu em parceria com o colega de classe Giovanni Ferreira e o orientador Carlos Menezes, na Universidade Braz Cubas, onde estuda. O sistema ajuda cadeirantes a subirem em calçadas que não têm guias rebaixadas e venceu em 2013 o concurso “Desenhe o Futuro”, patrocinado pela Autodesk.
A inspiração para projetos que envolvem acessibilidade, segundo ele, veio da vontade de ajudar as pessoas e retribuir a sociedade. Antes de cursar engenharia na Braz Cubas, Ferreira já tinha estudado na Fatec, uma faculdade pública. “Foi ali que comecei a me interessar por projetos na área. Fui convidado por um orientador tinha essa linha de pesquisa e gostei. Pensei que poderia retribuir de alguma forma por estudar em uma universidade pública. Além disso, percebi que existe um mercado grande a ser explorado no Brasil”, afirma.
Outro projeto do estudante foi vencedor do programa “Desenhe o Futuro” de 2014. Desta vez ele e a equipe desenvolveram uma barraca de fácil montagem que utiliza o sistema telescópico na armação. O abrigo pode ser usado em casos de catástrofes como terremotos, em que muitas pessoas precisam sair de suas casas por segurança. Como prêmio, Ferreira vai a Xangai, na China, expor a invenção.
Software gratuito
A Autodesk desenvolve softwares voltados principalmente para arquitetura, construção e entretenimento. Seu software de design é disponibilizado sem custos para estudantes, instrutores e instituições acadêmicas em todo o mundo. O CEO da empresa, Carl Bass, comentou a iniciativa.
“A forma como fazemos as coisas está mudando rapidamente e nós precisamos de uma força de trabalho pronta para projetar novas técnicas de manufatura e de construção. Ao fornecer ferramentas profissionais de design gratuitas para estudantes, docentes e instituições acadêmicas em todo o mundo, estamos ajudando a indústria a se preparar para uma próxima fase que está para vir”, disse Bass, no evento em Las Vegas.
De acordo com a Autodesk, esse novo modelo de negócio permite que mais de 680 milhões de estudantes e educadores de mais de 800.000 escolas secundárias e pós-secundárias em 188 países tenham acesso gratuito ao software profissional da Autodesk, além de serviços para uso em salas de aula, laboratórios e em casa.
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