segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Educação Inclusiva promove desenvolvimento acadêmico e social de estudantes no Tocantins

Buscando promover a inclusão e o aprendizado de estudantes com necessidades especiais nas escolas do Tocantins, a Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc) conta com o apoio de mais de 280 Salas de Recursos Multifuncionais em unidades escolares tocantinenses, além de profissionais treinados para contribuir com o desenvolvimento dos alunos.

Em 2014, aproximadamente 9,7 mil estudantes com algum tipo de necessidade especial estão matriculados em escolas das redes federal, estadual, municipal e particular, segundo dados do Departamento de Informação e Tecnologias da Informação da Seduc. Deste total, 62% (cerca de 6 mil) são alunos da rede estadual de ensino. 

Uma das unidades que atendem alunos com necessidades especiais é a Escola Girassol de Tempo Integral Beira Rio, no distrito de Luzimangues, em Porto Nacional, que conta com a sala de recursos multifuncionais. De acordo com a diretora da unidade, Luzeni Lourenço, 15 estudantes com diversos tipos de transtornos estão matriculados na escola e um cronograma foi elaborado para realização de planejamento pedagógico e inclusão dos alunos nas turmas regulares. “A criação da Sala de Recursos Multifuncionais aqui foi uma demanda da própria comunidade. E graças ao trabalho intenso dos professores, as aulas nestas salas têm sido uma complementação importante no reforço do ensino regular de todos eles”, disse a educadora.


Salas multifuncionais

Na rede estadual de ensino tocantinense, estão em funcionamento 286 Salas de Recursos Multifuncionais em 147 unidades escolares regulares e escolas especiais de 82 municípios tocantinenses. Ao todo, 193 professores foram capacitados para atuar na Educação Inclusiva em todas as 13 Diretorias Regionais de Gestão e Formação (DRGF) do Estado. Cada sala é equipada com computadores, televisores e telefones, além de materiais didático-pedagógicos e mobiliários adaptados para melhor assistir a cada aluno, conforme a necessidade que apresenta.

“Este atendimento é feito de forma sistematizada, envolvendo os professores especializados, os professores das turmas regulares e os próprios pais dos alunos assistidos. Por isto, frequentemente, realizamos reuniões com estas três instâncias, para que juntos possamos avaliar os avanços percebidos no ensino-aprendizagem dos estudantes”, ressaltou a coordenadora de Educação Inclusiva da Seduc, Maria Marlene dos Santos Teixeira Porto.


Inclusão

O autismo é um dos transtornos globais trabalhados nas salas de recursos. Ao todo, a rede estadual atende atualmente 120 alunos autistas em todas as regiões do Tocantins, gerando a inclusão e a melhoria da qualidade de vida destes estudantes no cotidiano escolar. Danilo Ribeiro Miranda está no 7º ano do ensino fundamental e estuda na Escola Girassol de Tempo Integral Beira Rio. Autista e surdo, há cerca de um ano e meio o aluno recebe atendimento na sala de recursos e já melhorou o relacionamento com os colegas da escola. De acordo com o professor Genisvaldo Rafael Mourão, a evolução acadêmica e social do estudante foi bastante positiva neste período. “Antes de receber um atendimento especializado para o caso dele, o Danilo não se relacionava com os colegas, tinha dificuldade de se comunicar, e isto o tornava agressivo, impaciente para frequentar as aulas regulares, até porque a surdez complica ainda mais este quadro. Quando iniciamos as práticas de Educação Inclusiva, o atendendo de acordo com a necessidade dele, respeitando o tempo dele, o Danilo evoluiu muito rapidamente, já criou ciclos de amizade, se tornou mais participativo nas aulas regulares”, ressaltou.

Ainda segundo o professor, Danilo aprendeu também a Língua Brasileira dos Sinais (Libras). “Mas o que mais me orgulha mesmo é a evolução social dele, que antes era rejeitado e hoje tem muitos amigos; isto é o que considero a verdadeira inclusão”, destacou o educador físico especialista em Libras.

Na escola, uma das melhores amigas de Danilo é Raylane Lima de Jesus, que estuda na mesma turma regular dele e destaca a importância da convivência entre os estudantes. “Eu tento ajudar nas tarefas, ainda mais em Matemática, porque ele gosta muito das figuras geométricas. E eu tenho aprendido com ele também, principalmente os sinais, para a gente conversar. Termina que a gente ensina algumas coisas, mas também aprende”, disse.

Para a técnica da Seduc, a psicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento escolar, Míriam Maria de Moraes Balduíno, a inclusão promovida pelas práticas pedagógicas são de fundamental importância para o melhor desenvolvimento dos alunos autistas em sala de aula. “O transtorno do autismo gera déficit em três específicas áreas, sendo elas a da comunicação, da interação social e do comportamento. Isto acontece porque ele afeta as funções executivas do autista, as áreas que coordenam as percepções múltiplas da pessoa e as transformam em ações, na sincronia de tudo para a execução de um comportamento funcional. Por isto, o diagnóstico e o atendimento de pessoas autistas devem ser multidisciplinar, sempre envolvendo as áreas neurológica, psicológica e pedagógica”, frisou a especialista. 

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