Não importa se você está acima do peso, se é alto ou baixo demais para os padrões, se tem dificuldade de mobilidade. A moda inclusiva existe para (teoricamente) atender a quem foi deixado fora das convenções.
O tema entrou na pauta há pouco tempo, a partir de concursos voltados a estudantes de moda. Mas as criações ainda não estão no mercado para quem quiser comprar.
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Calças com velcro, camisetas com zíper na lateral, elástico, e etiquetas em braile são alguns exemplos de adaptações em roupas que podem ter papel fundamental para pessoas com deficiência na hora de elas se vestirem.
Pessoas como dona Maria Goreti Martins, 60 anos, seriam beneficiadas com este tipo demoda mais acessível. Todos os dias, ela tem atividades fora de casa.
Com dificuldades na fala e nos movimentos, mãe de quatro filhos e avó de cinco netos, ela frequenta a Associação de Deficientes Físicos de Joinville. Faz fisioterapia e tem consultas com fonoaudióloga. Sofre de uma doença chamada atrofia de múltiplos sistemas.
Juliana Sokoloski, 28 anos, é quem acompanha e entende tudo o que Goreti diz. O mais difícil para a cuidadora na hora de vestir a idosa é passar as pernas e os braços por dentro da roupa.
—Procuro colocar roupas confortáveis. Jeans é muito difícil. Tem que ser sempre um ou dois números a mais—, diz Juliana.
Seria bem mais difícil, diz a cuidadora, se Goreti não pudesse ficar em pé. Por isso, Juliana considera importante a criação de roupas que atendam a quem tem necessidades especiais.
Prêmio para incentivar
—Moda inclusiva é feita para a pessoa idosa, com deficiência ou não. É comprar uma peça que não precise ser modificada na costureira. Também é encontrar araras mais baixas e trocadores em que caibam as cadeiras de rodas. Tudo isso é inclusão—, define uma das organizadoras do 2º Prêmio Catarinense de Moda Inclusiva, Jupira Dias.
Os trabalhos dos 20 finalistas, de 11 cidades catarinenses, serão apresentados no dia 4 de dezembro, em um desfile no centro de eventos da Fiesc, em Florianópolis.
Criatividade e liberdade de movimentos
Criatividade não falta para que as roupas adaptadas ganhem o mercado catarinense. Estilistas de várias regiões preparam peças para o 2º Prêmio Catarinense de Moda Inclusiva, que terá entre os jurados o ator Kadu Moliterno, a ativista social Maria da Penha e o paratleta Fernando Fernandes.
É a segunda vez que Diego Luis Sauer, estudante de design de moda, participa do concurso catarinense. Ele ficou em 3º lugar na primeira edição. Segundo ele, para criar peças alternativas é preciso pensar a modelagem, o tecido e a costura de modos diferentes dos convencionais.
O estudante considera ouvir uma parte importante do fazer moda inclusiva. Para a competição, Sauer aposta em beleza e liberdade de movimentos.
—Roupa traz intenção. É preciso mostrar que pessoas com deficiência também têm desejos.
Mesmo não sendo criações como as de uma Fashion Week, as linhas criadas para os concursos de moda inclusiva ainda não ganharam as prateleiras das lojas catarineses. Por enquanto, apenas os concursos valorizam este público, que representa 21% dos habitantes do Estado.
Pioneirismo na internet
Quinze anos de fisioterapia gabaritaram Dariene Rodrigues na criação de peças inclusivas. Tudo começou há três anos com uma calça, que hoje já se transformou em loja virtual e cresceu em forma de técnica inovadora de elaboração de etiqueta em braile.
Em 2015, a Loja Lado B Moda Inclusiva, de Dariene, deve ganhar corpo. Como tudo é muito novo, a criadora dos produtos está patenteando as ideias.
—Desenvolver algo do zero demora um pouquinho—, comentou ela.
A calça tem aberturas diferenciadas nas laterais e na frente, fechadas com velcro. Assim, o jeans não é mais difícil de vestir, nem o brim e nem a sarja. Uma calça como essa custa de R$ 180 a R$ 200.
Dariene explica que é um processo artesanal e que ainda é preciso produzir mais para baixar os custos. As camisetas ganharam zíperes nas mangas e botões com ímã. Pela internet, catarinenses de Ilhota e Florianópolis já compraram as peças da loja, que tentou parceria com grandes redes.
—A primeira coisa que questionam é se são roupas ortopédicas—, alegou a criadora, que já ouviu que seus produtos atendiam a um público muito específico, devendo ter uma loja exclusiva.
—Meu sonho é um dia entrar numa loja de departamento e ter um display da loja.
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