De acordo com o ultimo censo, divulgado pelo IBGE em 2010, o instituto apontou que 45,6 milhões de pessoas declaram ter algum tipo de deficiência no Brasil. Ou seja, 23,9% da população brasileira. A maior parte dessas pessoas vive em áreas urbanas. A deficiência visual foi a mais apontada, cerca de 18,8% da população. Em seguida vêm as deficiências motora (7%), auditiva (5,1%) e mental ou intelectual (1,4%).
Na Argentina, que é um país próximo (está localizado na América do Sul), existe cerca de 41 milhões de habitantes. Portanto, o que significa dizer que, o Brasil possui um pouco mais de cidadãos com deficiência, do que a argentina em sua totalidade.
O mercado de trabalho tem se adaptado muito para receber pessoas nessas condições, no entanto, ainda há, por parte de muitas empresas, muito preconceito para empregar profissionais que apresente alguma deficiência, seja qual for.
Uma profissão requer qualificação, não se julga os candidatos pela aparência física, mas, principalmente, por sua capacidade de desempenhar um bom trabalho. Ou seja, todos têm o seu espaço no mercado.
Não é diferente para os profissionais da comunicação (especificamente jornalistas), que são mediadores das noticias do dia a dia da sociedade. Até mesmo os profissionais que precisam de fontes, ir atrás de pautas, elaborar textos noticiosos, atender ao interesse da população ou, por exemplo, apresentar um telejornal, podem sim ter o seu espaço nessa área.
Clarissa Guerretta, que é jornalista e que cobriu a copa do mundo de 2014 aqui no Brasil, é repórter de uma webTv e grava seus boletins utilizando a linguagem de sinais. “Os surdos também são capazes de trabalhar como jornalista. Estou feliz de mostrar que existe essa abertura.” Disse Clarisse ao Portal Imprensa.
A repórter perdeu a sua audição, ainda criança (aos dois anos de idade), por conta da meningite.
A novela “Viver a Vida” teve uma personagem que se chamava Luciana, que era interpretada pela atriz Aline Moraes.
Escrita por Manuel Carlos, essa personagem foi inspirada pela jornalista Flávia Cintra, que na época foi contratada para ser repórter do Fantástico, da tv Globo.
Flávia ficou tetraplégica aos 18 anos e é conhecida pela sua militância pelas causas das pessoas com deficiência.
Quem não se lembra da Repórter, que entrou para o RankBrasil em 2014, Fernanda dos Santos Honorato? Sim, ela foi a primeira repórter com síndrome de Down do país. Foi através do esporte e das artes que Fernanda conseguiu desenvolver uma personalidade única para TV.
Desde 2006, ela trabalha para a TV Brasil, no Programa Especial. Mas foi no teatro que ela iniciou a sua trajetória. Ali, ela se destacou muito antes de embarcar nas telinhas. Também é dançarina (de dança cigana) e atleta da Sociedade de Síndrome de Down na modalidade natação.
Qualquer profissão requer dedicação, independentemente da área de atuação. Há, no entanto, uma série de questões que precisam ser estudadas. Principalmente no que diz respeito ao deficiente que queira ingressar para a área de comunicação. Já se pode perceber que a condição não interfere na capacidade desses profissionais jornalistas, que têm algum tipo de deficiência e que exercem as funções nesse mercado. Portanto, ainda assim, existe um pequeno espaço nas emissoras de TV, por exemplo. O mais comum é vê-los nos bastidores.
O jornalista Jairo Marques, que é conhecido por todo o Brasil por seu trabalho na Folha de S.Paulo, é cadeirante. Ele, que escreve para um blog no site da Folha, é formado em jornalismo e pós-graduado em jornalismo social. Em seu blog “Assim como você”, Jairo produz textos, irônicos, do seu dia a dia, principalmente, para chamar a atenção para essa causa, importantíssima, que é o descaso com pessoas que possui algum tipo de deficiência. O mais interessante são as expressões que ele usa em seus textos, que acaba se tornando muito divertido de se ler (não que seja engraçado ser deficiente, mas o texto é exatamente provocativo), pois as questões abordadas em seu blog são fundamentais para a sociedade entender o seu papel perante o contexto social de pessoas menos privilegiadas.
Jairo explica um pouco sobre a questão de deficientes na TV e expressa o seu ponto de vista. ’’O ingresso, para profissionais com deficiência na TV, é extremamente restrito e praticamente inexistente. Sei de pouquíssimas pessoas com deficiência atuando em grandes TVs. No vídeo, me lembro de apenas uma. A TV “exige” uma imagem e, talvez, alguém interprete que pessoas com deficiência firam algum padrão. Em Londres, assisti programas de TV tocados por três âncoras com deficiência, por exemplo’’. Explica.
“É difícil responder, no entanto, qual meio de comunicação é comum para profissionais com deficiência atuarem, pois até onde eu sei, na grande imprensa, são poucos, muito poucos. Nos grandes jornais impressos, trabalhando como jornalistas, não devem passar de cinco pessoas, embora o ofício possa ser realizado por pessoas com as mais diversas condições físicas e sensoriais”. Completa.
Uma questão, que também é fundamental para a formação de cidadãos com deficiência, é a infraestrutura das instituições. Afinal de contas, a universidade é um espaço aberto a todos os públicos e, de antemão, deve ser adaptada para receber ingressantes que possuam limitações físicas, por exemplo.
”Acho que as universidades estão dispostas a receber alunos com deficiência e estão abertas a aprender junto. Penso que uma estrutura completamente acessível nunca vai existir. Isso se constrói de acordo com a realidade dos alunos que chegam, evidentemente, fornecendo o básico sempre (condições arquitetônicas, softwares etc)”. Afirma Jairo.
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