sábado, 21 de março de 2015

5 coisas que você faz pensando que é melhor para o seu filho mas não é


A gente vive querendo acertar, fato! Não é a toa que nossa cobrança sobre nós mesmos é tão grande, que colocamos nossas expectativas lá em cima e nos desgastamos tanto tentando fazer nosso melhor. E se não fosse assim, por sinal, você não estaria lendo agora seu texto ao invés de fazer o item de número 100 da sua lista. Pausa aqui! Precisamos até falar um pouco sobre essa cobrança que você faz sobre você, porque não está legal não, está demais. Logo falaremos sobre outros jeitos de você administrar o que sente – vou dar umas ideias – mas por enquanto diminui a cobrança. Fim da pausa.
Agora vamos lá.Você sabe que eu só falo do que eu vivo, vejo, sinto e acompanho. O que tenho percebido é que há tantos marketings enganosos entrando dentro da sua casa, da sua mente, tentando te convencer de que “especialistas – misteriosos – afirmam que” duzentas coisas que sério, não te fazem bem e não farão bem ao seu filho.
E o mais maluco disso é que muitas dessas coisas nem facilitam sua vida. Eu sei que você se sacrifica em diversos âmbitos, convencido de que você, seu filho ou a relação de vocês precisa daquilo. Mas não, são só pessoas com boas ferramentas de convencimento, muitos produtos/serviços pra vender e uma vontade enorme de ganhar muito dinheiro.

Coisas que vendem pra você e que não são o melhor pro seu filho

Alfabetização antes dos seis anos é melhor – FALSONão force a alfabetização. Tem pais e mães frustrados porque seu filho de quatro anos não sabe ler ainda e o filho do vizinho sabe.  Escolas que se vendem porque ensinam as crianças a ler o quanto antes. Pois aí entra um massacre da infância dessas crianças porque a escola prometeu isso. Crianças até seis anos aprendem muito mais em brincadeiras, no lúdico, no prazer, com espaços estimulantes visual e fisicamente, com livros a disposição, com leituras feitas pelos pais e professores diariamente, com afeto! E se aprendem a ler naturalmente no processo, antes dos seis anos, que ótimo. Forçados não! O mercado não precisa que eles tenham lido antes dos seis anos, isso não é vantagem competitiva e blá blá blá. De verdade!
Muitas atividades extracurriculares (inglês, ballet, teatro, natação, costura, karatê…) fazem bem – Já sei como te vendem isso: “As crianças estão hiperativas hoje, cheias de informação”, ou “melhor aqui do que de cabeça vazia”, ou ainda “quanto mais atividades você oferecer melhor”. O problema dessas informações que te dão pra convencer é que elas são verdadeiras, mas estão fora de contexto! Isso tudo é verdade, mas não significa que atividades extracurriculares vão ajudar. O que vai ajudar é desacelerar a rotina – exatamente o contrário do vendido – são menos atividades e mais momentos de conexão em casa, entre família, em um convívio tranquilo, em um parque, em uma praça… Sou a favor da oferta de atividades “extracurriculares” – nome feio que dói – mas aos poucos, conforme a criança for manifestando interesse ou você perceber que ela precisa de um novo espaço de expressão. Até pra você perceber isso é preciso, a priori, conexão entre vocês.
Aulas exigentes, provas e simulados quanto antes melhor – FALSO – “Aham, não pensa que não sei não. Você não me engana com essa conversa!” – Pode dizer isso pra eles, eu apoio. Acredita que isso está entrando no ensino fundamental com a bobagem de que “seu filho estará mais preparado para o futuro”? Pois é uma mentira, das grandes. Seu filho está é se tornando infeliz! Quanta exigência, expectativa, medo, desconforto em uma fase em que era pra ele desenvolver uma sensação de segurança na vida e em sua capacidade de viver bem. Estamos formando gênios infelizes? É isso? Isso se realmente houver algum avanço cognitivo, o que eu dúvido dado o número de crianças que atendo vindas desses “sistemas”, porque sem afeto não há educação, já dizia o querido e grande Paulo Freire.
Meu filho tem que estar acima da média na escola – FALSO. Seu filho tem que viver numa situação em que se sinta seguro, amparado, em que tenha limites, em que tenha um pai e mãe que sejam autoridade, precisa se alimentar bem, dormir bem e brincar. Ir “bem” nas provas é resultado de ter  aprendido. “Não ir bem” nas provas significa que alguma ideia ele não conseguiu aprender. E SÓ!  Que a escola reensine e reveja como ensinou. Fim!
Meu filho não pode chorar – FALSO – Presta atenção em uma criança chorando em local público! Rola uma comoção geral, a gente fica constrangido e só diz ameaças pro filho: “Você vai ver em casa”, “para de chorar” ou “não precisa chorar”. Deixe chorar porque é manifestação do sentimento (Aliás, no Conexão Pais e Filho teve um texto lindo sobre chorar, olha lá). Senta em algum lugar com a criança e ouça o que ela tem pra dizer! Atenção aqui! Olha bem pra mim! Não é preciso ceder ou concordar com nada. É preciso dizer, caso você não vá atender a demanda da criança: “Ok, entendo sua frustração. Pode chorar, estou aqui com você”. E só. Prontinho. Espera o choro passar, porque passa! E vai ver como seu filho e as pessoas esquecem em 3, 2, 1!
Tá bom, parei! Chega, chega. Continuo em um próximo capítulo porque eu e você sabemos que tem muito mais.

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