quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Alunos e professora montam grupo de teatro com proposta inclusiva

TEATRO SEM PALAVRAS
Alunos e professora montam grupo de teatro com proposta inclusiva
Vitória, Júlia e Williane, do 8º ano da Escola Municipal Professor Antônio Benedito da Rocha, em Cabo de Santo Agostinho (PE), a 37 quilômetros de Recife, queriam muito participar das aulas de teatro da professora Evânia Copino, mas as alunas com deficiência auditiva, não conseguiam se comunicar direito com os demais colegas e acabavam ficando de fora, apesar de amarem teatro.
Ao perceberem o interesse e a vontade das três em fazer parte do grupo, os alunos ouvintes e a professora acolheram o desafio e resolveram criar uma trupe inclusiva. O “Teatro Sem Palavras” é um grupo composto por vinte participantes: dezessete ouvintes, duas alunas surdas e uma com deficiência auditiva.
Para participar do grupo é preciso ter mais do que vontade de atuar: é necessário querer aprender uma nova língua. Todos os participantes são inseridos no mundo da Língua Brasileira de Sinais (Libras)  e começam a se comunicar com as mãos e o coração. As encenações são realizadas por meio de traduções de músicas e poesias para Libras. A inspiração? As obras do mestre do cinema mudo Charles Chaplin. Para aprimorar o trabalho com o grupo, a professora está cursando uma pós-graduação em Língua Brasileira de Sinais.
A iniciativa dos alunos abriu caminhos para que novas amizades fossem formadas e trouxe luz para o cenário que, antes, era triste para as alunas que não participavam. Vitória Santana, que escuta apenas parcialmente, conta o impacto que a iniciativa teve na sua vida social. “Ninguém sabia Libras e eu era muito só, mas quando entrei no teatro, todos começaram a me chamar para perguntar sobre os sinais, porque eles não entendiam. Eu fiz amigos e ajudei todo mundo a entender mais sobre Libras.”, diz.
Tamires Silva, aluna ouvinte, também fala da importância das novas amizades. “Para mim o teatro foi importante porque me aproximei delas. Muitas pessoas discriminam, não dão valor”, explica. Danille Rebouças, também ouvinte, reforça o vínculo entre elas. “Somos todas amigas, elas me ajudam e eu ajudo elas”, conta.
“Estamos construindo um ambiente seguro e igualitário, onde todos são respeitados e aceitos”, conta a professora Evânia.“Isso os faz confiar e revelar suas potencialidades, que vão além das deficiências e/ou fragilidades que todos nós apresentamos”, continua. Com o teatro, os alunos estão desenvolvendo a socialização, o cuidado consigo e com os demais e o sentimento de pertencimento ao grupo, rompendo as barreiras da exclusão.
Há três anos, a cidade onde a escola está localizada está sem um teatro para receber as apresentações da trupe. Mas o grupo não desanima, e as peças entram em cartaz no auditório da escola, que recebe muitos estudantes e moradores da cidade para prestigiar as montagens. Williane da Silva, aluna surda, conta em Libras o sucesso de sua participação. “Eu amo o teatro porque me apresento para as pessoas e elas me parabenizam pelo meu entusiasmo”, diz.
Mais do que incluir as meninas no contexto escolar, todos foram incluídos na realidade das alunas surdas e a escola passou a ser um espaço de aprendizagem e quebra de barreiras. “Foi interessante aprender Libras, quero ser intérprete!”, comemora Danille. “Se não fosse esse curso de teatro, eu nunca teria falado com as minhas colegas surdas”, acrescenta.
Foto/Reprodução:  Ascom da SME/Cabo

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