Cientista defende aborto de feto com 'Down' e provoca ira na internet

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Este elemento não é ateu é um á-toa

O biólogo Richard Dawkins foi pivô na internet de uma polêmica sobre aborto. O cientista, que é notório pelo estudo da evolução das espécies, e por defender o ateísmo, publicou em sua conta no twitter uma afirmação bastante controversa. Ele escreveu que a mulher deve interromper a gravidez quando descobrir na gestação que seu filho é portador da síndrome de Down.

"Aborte e tente novamente. Seria imoral trazer a criança com Down para o mundo se você tem a escolha", afirmou o geneticista em sua conta na rede social, quando questionado por uma internauta se seria ético interromper a gravidez por causa da síndrome.

A declaração levantou polêmica na internet, e causou furor entre diversos representantes de organizações religiosas, defensores pró-vida, estudiosos da síndrome e alguns coletivos feministas, que afirmam que essa decisão não cabe ao cientista.

A Associação Internacional da Síndrome de Down criticou a afirmação de Dawkins, e disse que a síndrome não é justificativa para a interrupção da gestação.

"Pessoas com síndrome de Down podem e levam vidas completas e compensadoras, elas também trazem uma contribuição importante para a nossa sociedade. Nós não acreditamos que a síndrome de Down seja, em si, uma razão para o aborto, embora entendamos que as famílias devam tomar suas próprias decisões", afirmou a organização.

A instituição brasileira Fundação Síndrome de Down foi mais dura nas críticas ao cientista. Disse que Richard Dawkins deveria ser mais cauteloso ao fazer algumas declarações na internet, pois o assunto não tem caráter apenas científico, pois envolve outros temas como a família e a integração social do indivíduo que possui essa condição genética.

"Ele deveria guardar opiniões pessoais para si e saber se comportar numa rede social com tanta visibilidade que é capaz de impactar a autoestima de milhões de pessoas ligadas diretamente a essas questões", disse o instituto.

Nesta quinta-feira, 21, após a polêmica, Richard Dawkins postou um pedido oficial de desculpas na página na fundação que recebe seu nome. No pronunciamento, o especialista em genética tenta amenizar a questão e arrefecer a discussão.

"Obviamente, a escolha seria sua. A quem interessar possa, minha escolha seria de abortar o feto com síndrome de Down e, assumindo que você quer ter um bebê, tentaria de novo. Tendo a chance de fazer um aborto cedo ou deliberadamente trazer a criança com Down no mundo, eu acho que a escolha moral e sensata seria abortar. E, de fato, isso é o que a grande maioria das mulheres, nos Estados Unidos e especialmente na Europa, fazem. Eu pessoalmente iria além e diria que, se sua moral é baseada, como a minha é, no desejo de aumentar a soma de felicidade e reduzir o sofrimento, a decisão de deliberadamente dar à luz o bebê com Down, quando você tem a chance de abortar no começo da gravidez, pode realmente ser imoral do ponto de vista do próprio bem estar da criança. Concordo que essa opinião pessoal é controversa e precisa ser mais discutida, possivelmente para ser afastada. Em todo caso, você provavelmente estaria condenando a si mesmo como mãe (ou como um casal) a uma vida de cuidar de um adulto com necessidades de criança. Seu filho vai provavelmente ter uma expectativa de vida curta, mas, se ele viver mais que você, você provavelmente vai ter que se preocupar com quem irá cuidar dele depois que você se for. Não me admira que a maioria das pessoas escolha aborto quando têm essa opção. Dito isso, a escolha seria inteiramente sua e eu nunca sonharia em tentar impor minha visão em você ou em qualquer outra pessoa", concluiu Dawkins.

Richard Dawkins é famoso na comunidade científica por defender arduamente o ateísmo e combater teses com bases em doutrinas religiosas, como o criacionismo e o "design inteligente". Dawkins escreveu diversos livros, entre eles, "Deus, um delírio", "O Gene egoísta", "O Capelão do Diabo" e "A Grande História da Evolução".