Desde o início da semana, está proibida em todo território brasileiro a comercialização dos andadores infantis. A Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, de maneira provisória, suspender a venda do artefato em resposta a uma ação civil pública da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que alega que os andadores são responsáveis por centenas de casos de traumatismo e até de morte.
Os aparelhos podem ser utilizados por bebês de 6 a 15 meses e, segundo os fabricantes, ajudam os pequenos a dar os primeiros passos. Apesar de a decisão ser de primeira instância e ainda caber recurso, Renata Waksman, pediatra do Hospital Albert Einstein e presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da SBP, vê a medida da Justiça como uma grande vitória.
“É importante alertar os pais que esse tipo de instrumento é totalmente perigoso e desnecessário. A criança fica solta pela casa, pode chegar perto de um desnível, do fogão, de escadas, da piscina. Dessa maneira, basta os pais se distraírem por um minuto para ocorrer um acidente”, diz
“É importante alertar os pais que esse tipo de instrumento é totalmente perigoso e desnecessário. A criança fica solta pela casa, pode chegar perto de um desnível, do fogão, de escadas, da piscina. Dessa maneira, basta os pais se distraírem por um minuto para ocorrer um acidente”, diz
Se para os pediatras o andador é uma espécie de vilão, pois facilita a locomoção dos pequenos de maneira rápida e ágil pelos cantos da casa, os pais também têm uma parcela de culpa pelos acidentes, já que acreditam que a criança no andador está em segurança. “Muitas vezes, eles colocam o filho no aparelho para fazerem outra atividade. Então, o bebê fica largado e sem nenhuma supervisão, o que é um erro enorme. Para se ter uma ideia, a criança se desloca 1 metro por segundo no andador, o que é muito rápido. Mesmo que o adulto esteja muito atento, os riscos são inerentes”, explica a especialista.
Além do grande risco de causarem acidentes, esses produtos também podem atrapalhar o desenvolvimento da criança, pois quando o bebê se desloca com um andador, não apoia os pés no chão de maneira correta. Geralmente, ao usar o aparelho a criança precisa ficar na ponta dos pés, que acabam ficando tortos.
“Os ortopedistas relatam casos que chegam aos consultórios em que é necessário até fazer cirurgias de correção, seja nos tornozelos, no dorso e nos dedos dos pés. Por isso não canso de dizer que lugar de criança é no chão. É lá que ela irá se desenvolver de maneira natural. Vai se arrastar, vai rolar, vai engatinhar, vai ficar de pé e finalmente começar a dar os primeiros passos. No andador ela deixa de vivenciar essas etapas”, finaliza Renata.
Se a Justiça mantiver a decisão, o Brasil e Canadá serão os únicos países do mundo a proibirem a utilização do aparelho.
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