quinta-feira, 4 de junho de 2015

POR QUE MEU FILHO AINDA NÃO FALA?

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Matéria retirada do blog: Mamãe Prática
Olá queridas, hoje vou falar sobre um tema que muitas famílias costumam ter dúvidas: o desenvolvimento da fala. Aqui em casa meu filho Serginho está com quase dois anos e ainda fala pouco, na verdade, somente algumas palavras (gol, mamãe, papá, gato, achou, aqui, não, sim, vovó…).
Dá pra perceber que a parte motora dele vem se desenvolvendo rápido (ele andou com 11 meses), mas odesenvolvimento da fala parece estar um pouco devagar (ou não) e isso começa a deixar a família um pouco ansiosa (risos): “Por que esse menino ainda não está falando?”, “Ele tem preguiça de falar?”, “Nessa idade a prima já falava bastante”… Isso também acontece aí na sua casa?
Também percebo que ele quer muito falar, tenta se comunicar e dizer algumas coisas, mas ainda tem dificuldade e aspalavrasnão saem. Confesso que fico um pouco aflita, mas tento não passar a minha ansiedade pra ele porque sei que cada criança tem o seu tempo e o melhor é deixar as coisas acontecerem de forma tranquila, sem pressão!
Pensando em tudo isso entrei em contato com a querida fonoaudióloga Lílian Kuhn, especializada em Audiologia e com Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, para nos ajudar a entender melhor o assunto. A entrevista foi tão bacana e completa que decidi reproduzir aqui, na íntegra, todas as informações que ela nos passou. Veja só:
Geralmente com qual idade os bebês começam a falar as primeiras palavras?Lílian Kuhn: Por volta dos 04 meses de idade, os pais começam a notar que o bebê faz sons para chamar a atenção. É exatamente por volta deste período que se inicia o processo de desenvolvimento da linguagem oral. As palavras propriamente ditas surgem bem depois, por volta dos 12 meses de idade.
Em geral, qual é o processo esperado para o desenvolvimento da fala infantil? Existem etapas diferentes?Lílian Kuhn: Sim, existem etapas diferentes. São os chamados marcos de desenvolvimento, em que a criança dá “saltos” significativos e, nesses momentos, todo mundo repara o quanto ela evoluiu. Desde antes do nascimento, o bebê é exposto aos sons e seus desenvolvimentos auditivo e linguístico vão acontecendo aos poucos. Esse é o processo esperado:
  • Ao nascer: o bebê reage à voz humana e reconhece a voz da mãe. Com o passar dos meses, passa a utilizar o choro para se comunicar.
  • Entre 04-06 meses de vida: o bebê apresenta diferentes reações (choro, sorriso) a depender da entoação da voz de quem fala com ele. Começa a vocalizar e “conversa”, respondendo com sons a fala da mãe/pai.
  • 10-14 meses: compreende frases simples (ordens/instruções); pode produzir alguns sons muito semelhantes a palavras, bem como entoações adequadas (pedido, negação).
  • Aos 12 meses, alguns bebês já falam pequenas palavrinhas de seu cotidiano (“mamã, papá, não, qué”), mas a maioria só o faz alguns meses depois.
  • Espera-se que, por volta dos 18-22 meses, o bebê realize algumas ordens simples; emita frases de duas a três palavras com melodia adequada (variações entoacionais); narre fatos do cotidiano imediato (“bebê chorou”, “João caiu”); e produza mais de 20 palavras.
  • 24-30 meses: é o grande boom do vocabulário e a criança que produzia apenas algumas palavras, agora passa a falar mais de 100! Produz frases utilizando pronomes (“eu quero”, “ele pegou”) e regras básicas de concordância (gênero e número)
Cada criança tem o seu tempo para aprender a falar? Como controlar a ansiedade da família?Lílian Kuhn: Com certeza! Então, se você observa que o bebê avança mais (ou menos) rápido em outros aspectos, como engatinhar, isso servirá para a linguagem também. Isso significa que cada um tem o seu próprio tempo. Por outro lado, se não houver uma alteração de base (neurológica, física ou auditiva, por exemplo), não é justificável que haja uma discrepância entre a aquisição da linguagem oral e das habilidades motoras esperadas para a mesma fase. A ansiedade é a inimiga do desenvolvimento! Mas, como controlar? Em algumas famílias, levar o pequeno para uma avaliação fonoaudiológica ajuda muito (até pode não fazer a menor diferença para ele, mas o fará para os pais!). Em outras, apenas estimular sem ficar cobrando-o e focar nas habilidades já adquiridas. Não é porque ele não fala ainda, que não poderá interagir, te compreender e conversar com você, certo?!
Como saber se a demora no início da fala precisa ser investigada? Em que casos é recomendado procurar uma fonoaudióloga?Lílian Kuhn: Bem, em primeiro lugar, siga o seu instinto. Se você acha que precisa de uma avaliação (de qualquer tipo), o leve! Muitos papais não sossegam até ouvir um “Não se preocupe, ele está ótimo!” e essa ansiedade não é nada bom para a criança. Em segundo, compare a linguagem do bebê agora com dois meses atrás. Mudou alguma coisa? Mesmo que esteja atrasado em relação aos marcos, a linguagem dele deve estar em constante desenvolvimento e evolução. Se você não observa mudanças, busque auxílio fonoaudiológico. As professoras também podem ser ótimas parceiras, te ajudando a observar se algo mudou ou estagnou. Ou ainda, a criança está em sofrimento por não conseguir falar? Chora, faz birra e fica irritada quando não é atendida? E mais: a criança é muito quieta, não brinca com as outras, não responde quando é chamada ou ninguém (nem a própria mãe!) consegue compreender o que ela fala. Sem dúvida, busque ajuda!
Quais são os problemas mais comuns nesse processo de aprendizado da fala?Lílian Kuhn: São comuns: o atraso do desenvolvimento de linguagem, a disfluência fisiológica/do desenvolvimento (aquele quadro de “gagueira” que aparece por voltas 2,5-3 anos de idade) e as substituições, reduções ou omissões de sons (por ex, ela pode falar “chapo” para ”sapo” e “pato” para “prato” e “caca” para “Casca”).
O que os pais podem fazer para estimular a fala (de maneira natural/ sem pressão) dos seus filhos?Lílian Kuhn: Não tem segredo: conversar, brincar, cantar músicas e contar histórias! É usando a linguagem, ouvindo-a e experimentando-a que a criança aprenderá a falar!
Mais algum comentário para nossas leitoras?Lílian Kuhn: Só para reafirmar: se achar que seu filho está demorando a falar, não hesite em buscar uma opinião profissional. A intervenção precoce reduz o tempo de tratamento e aumenta a possibilidade de bons resultados!

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