Tudo pode começar a partir de uma simples gripe. Segundo relatório da Unicef, 17% das mortes de crianças menores de 5 anos no mundo são causadas por ela. O sinal de alerta soa durante o outono e o inverno, quando a baixa temperatura, o tempo seco e os índices elevados de poluição aumentam os problemas respiratórios, permitindo que a doença se instale.
O que é pneumonia?
A pneumonia é uma infecção localizada no pulmão, órgão responsável por oxigenar o sangue e eliminar o gás carbônico do corpo. Na maioria dos casos, é provocada por bactérias ou vírus, mas os fungos também podem ser agentes causadores. Para entender a estrutura do pulmão, imagine uma árvore de cabeça para baixo: o tronco corresponde à traqueia, de onde saem dois galhos grandes, os brônquios, que dividem o lado direito e o esquerdo do pulmão. A partir deles, surge uma série de ramificações, que ficam cada vez mais finas, até chegar aos bronquíolos, que são as ramificações menores. Na ponta dos bronquíolos ficam os alvéolos, sacos microscópicos responsáveis pelas trocas gasosas. É nessa região que os agentes infecciosos da pneumonia se instalam, causando sintomas como febre acima de 38°C, tosse com catarro, dor torácica e falta de ar.
Como uma gripe vira pneumonia?
As crianças gripadas ficam mais vulneráveis, com menor capacidade de defesa do organismo. As bactérias se aproveitam da situação e podem se instalar causando uma pneumonia bacteriana. Quando há algum quadro de infecção, seja na garganta, nos seios da face ou no ouvido, a criança pode inspirar as secreções infectadas com pus e bactérias, que vão parar no pulmão. Se essas secreções contaminarem os alvéolos pulmonares, vira pneumonia, se ficarem nos brônquios, vira bronquite. Mas a pneumonia não começa necessariamente só com a gripe. Algumas crianças podem desenvolver a infecção assim que são atacadas por uma série de vírus, ou seja, pneumonia viral.
Como diferenciar uma gripe forte de pneumonia?
Preste atenção aos sintomas: na pneumonia, a febre é mais prolongada, o cansaço é maior e astosses vêm acompanhadas de dor. Se a gripe for causada pelo vírus influenza, as chances de a doença atingir o pulmão são ainda maiores, pois ele é mais agressivo.
Qual faixa etária é mais suscetível à doença?
Gestantes e crianças no início da idade escolar são mais vulneráveis por causa da menor capacidade de reação do organismo a agentes infecciosos. Uma vez que a doença já tenha se instalado, é preciso evitar a transmissão para outras pessoas. Tome cuidado para não tossir nem espirrar sem cobrir o rosto, lave as mãos constantemente, não misture objetos como copos, talheres e toalhas com o de outros. Se o seu filho estiver doente, escola nem pensar.
O que fazer em casos de repetição?
Além de procurar atendimento médico, o principal é investigar a causa da reincidência: ver se há um quadro alérgico de base, alguma imunodeficiência, cardiopatias ou até refluxo gastroesofágico, que está associado a uma série de doenças pulmonares.
Qual é o tratamento mais adequado?
Para a bacteriana, quase sempre a base do tratamento são os antibióticos, já na viral, depende do tipo de vírus. Em ambos os casos, para aliviar os sintomas, medicações para baixar a febre e inalações para fluidificar as secreções podem ser indicadas. É importante realizar a higiene nasal à base de soluções salinas, manter repouso, ingerir bastante líquido e dispor de uma alimentação equilibrada.
Que complicações podem ocorrer?
Mesmo pneumonias tratadas adequadamente podem ter complicações. Uma delas é o derrame pleural, quando o líquido infectado sai do pulmão e vai para a pleura, membrana que envolve o pulmão. Quando isso acontece, esse líquido precisa ser drenado; se não for, a infecção tem chances de se espalhar pelo corpo e evoluir para uma sepse (infecção generalizada), que pode levar à morte. Entre outras complicações possíveis estão a formação de abscessos, que são acúmulos de pus, e bronquiectasias, um alargamento dos brônquios.
Qual a diferença entre pneumonia e broncopneumonia?
Cada pulmão é dividido em lobos pulmonares: há três do lado direito, que é maior, e dois do lado esquerdo. Na pneumonia, a infecção acomete um ou mais lobos do pulmão. Já na broncopneumonia, há diversos pedacinhos do pulmão infectados ao mesmo tempo. A diferença fica muito clara quando se observa um exame de raio X: se for pneumonia, a mancha branca que sinaliza infecção está concentrada, se for broncopneumonia, dá para enxergar vários floquinhos que parecem de algodão espalhados pelo pulmão. Além disso, a broncopneumonia geralmente é causada por bactérias mais comuns, por isso costuma ser mais branda. Já a pneumonia é mais grave, proveniente de bactérias normalmente mais resistentes.
Bebês prematuros estão mais expostos?
Os bebês que nascem prematuros são mais suscetíveis a vários problemas respiratórios, não apenas à pneumonia. Por ainda não terem terminado a formação de todo o aparelho respiratório, eles passam por uma aceleração forçada do desenvolvimento do pulmão, o que causa uma doença chamada de displasia bronco-pulmonar. Mesmo que a displasia não aconteça, a função pulmonar dos prematuros fica alterada durante toda a infância e pode ter consequências mais para frente, como enfisema pulmonar e uma fragilidade maior a doenças respiratórias.
Dá para prevenir?
As vacinas estão entre as medidas básicas de prevenção. A pneumocócica, que imuniza contra as bactérias do tipo pneumococos, já faz parte do calendário gratuito de vacinação da criança. Ela deve ser aplicada no segundo, no quarto e no sexto mês, com um reforço no 12º mês, e depois a cada cinco ou seis anos. A partir dos seis meses de vida, a criança também pode tomar a vacina de gripe, que deve ser dada na primeira vez em duas doses e, depois, tomada anualmente no outono. Manter as crianças longe do cigarro, sobretudo as alérgicas, arejar a casa (mesmo no inverno, é bom deixar as janelas abertas durante um período para que o ar circule) e lavar as mãos para evitar a contaminação com vírus e bactérias são cuidados simples e indispensáveis.
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