Um estudo publicado na revista Nature Medicine por pesquisadores do Instituto Italiano de Tecnologia (IIT), de Gênova, afirma que a bumetanida, medicamento comumente usado como um diurético, poderá melhorar os transtornos cognitivos associados à alteração genética da trissomia 21.
Esses resultados foram obtidos em testes de laboratório com animais, para que os responsáveis pelo trabalho assegurem que, nos próximos meses, sejam iniciados os experimentos em pacientes com síndrome de Down.
O cérebro de indivíduos com trissomia 21 é caracterizado por apresentar defeitos de comunicação nas sinapses, os pontos de contacto entre os neurônios que permitem a transmissão de impulsos nervosos de uma célula cerebral a outra. Os cientistas do IIT descobriam que essa anomalia, que provoca a aparição de deficiências cognitivas em pacientes com síndrome de Down, é devido a uma alteração na função do ácido gama-aminobutírico (GABA), uma molécula que regula o fluxo de informações entre os neurônios; na presença de trissomia 21, esse neurotransmissor funciona para trás, provocando uma transmissão excessiva da comunicação no nível sináptico.
Em particular, a ação inibitória do GABA se torna excitante por causa do desequilíbrio de um eletrólito, os íons de cloreto, então um tratamento capaz de contrariar essa alteração deveria restabelecer, pelo menos em parte, o funcionamento normal do cérebro. No entanto, esse método exigiria que os pacientes tomassem medicamentos ao longo de toda a vida e as drogas disponíveis hoje exercem efeitos secundários graves em pacientes.
Graças ao novo trabalho, os pesquisadores do IIT desenvolveram uma droga que restabelece a atividade normal do GABA e é tolerado pelo organismo. Para isso, se concentraram na bumetanida, um diurético capaz de reduzir a concentração de íons de cloreto nas células cerebrais. A droga tem sido testada em ratos com um defeito genético na deficiência de aprendizagem e na memória gerada por um mecanismo similar ao da trissomia 21 em humanos.
Na sequência desses resultados, os cientistas planejam agora testar o medicamento em um grupo de pacientes com síndrome de Down. Um estudo será realizado em colaboração com a Unidade de Neuropsiquiatria Infantil do Hospital Pediátrico Niño Jesús de Roma.
Os pesquisadores desse mesmo hospital identificaram recentemente, uma alteração específica de algumas células imunológicas associadas com a trissomia do cromossomo 21. Segundo um artigo publicado na revista European Journal of Immunology, a modificação genética faz com que os pacientes com síndrome de Down sejam mais vulneráveis a certos tipos de infecções. O trabalho também permitiu entender por que as vacinas parecem ser menos eficazes em crianças com esse transtorno, o que sugere a necessidade de estabelecer programas de vacinações específicas para esses pacientes
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