sexta-feira, 4 de março de 2016

Entenda a relação da cardiopatia com crianças que possuem Síndrome de Down


Uma parcela das crianças que nascem com Síndrome de Down, apresentam anormalidades no coração. "Essas má-formações, conhecidas como cardiopatias congênitas podem atrapalhar o funcionamento do coração", alerta Ieda Jatene, cardiologista e diretora da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP). 

Um estudo a respeito da sobrevivência e mortalidade na Síndrome de Down, realizado na Dinamarca, em 1990, já apontava que a prevalência de anomalias cardíacas congênitas em pessoas com Síndrome de Down (SD) é de 40 a 50%. 

Conforme a American Heart Association (Associação de Cardiologia Americana), cerca de 1 em cada 100 crianças, apresenta problemas no coração, que usualmente ocorrem quando o feto está em desenvolvimento no útero da mãe. 

Segundo a cardiologista, as principais cardiopatias observadas em crianças com Síndrome de Down, estão relacionadas ao defeito do septo atrioventicular (DASV) e a comunicação interventricular (CIV). A médica explica que os defeitos são considerados acianogênicos, ou seja, as crianças não apresentam a coloração arroxeada nos lábios e extremidades. Sendo que, crianças que sofrem com a doença apresentam cansaço durante a amamentação e na realização de esforços, dificuldade em ganhar peso e resfriados ou infecções respiratórias com frequência. 

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De acordo com a especialista, essas doenças cardíacas acontecem por uma alteração do desenvolvimento embriológico, durante a formação do coração do feto. Ela ressalta que tanto o caso do DASV quanto na CIV, devem ser tratados cirurgicamente. 

"As duas alterações devem ser tratadas cirurgicamente, mas o tratamento com medicação é indicado para controlar os sintomas e permitir que os pacientes evoluam bem, até o momento ideal para a cirurgia, que no caso do DSAV é entre quatro e seis meses de vida, e na da CIV, a partir de 6 meses ou de acordo com o desenvolvimento da criança", afirma. 

A profissional ressalta que embora se faça a correção, é importante o acompanhamento clínico posterior, pois em alguns casos pode ser necessária nova cirurgia, bem como se faz necessário acompanhar o grau de elevação da pressão pulmonar que pode acontecer em pacientes com Síndrome de Down, mesmo após o tratamento cirúrgico. 

A cardiologista afirma que a SD é uma alteração genética, que está relacionado ao cromossomo 21 que, quando esse triplicado, produz-se o fenótipo da síndrome, também conhecida como Trissomia. 

Embora não seja possível evitar o desenvolvimento da Síndrome de Down e também não exista nenhuma correlação da falta de cuidados da gestante com o feto para o desenvolvimento de cardiopatias em portadores de Síndrome de Down, quando o ultrassom morfológico sugere algum tipo de alteração, a mãe é encaminhada para a realização de um exame de ecocardiograma fetal, relata a cardiologista. 

"O acompanhamento pelo cardiologista pediátrico desde o nascimento permitirá que o médico decida o melhor momento para a cirurgia, ou consequentemente obter os melhores resultados para saúde da criança" , reforça a especialista.

COMPORTAMENTO A VIDA DEPOIS DE…DESAFIAR OS LIMITES DA SÍNDROME DE DOWN COM OS PINCÉIS

A história começa antes da história. Quando estamos chegando ao local combinado para conversar com Lúcio, ele nos avista de longe, abre os braços e assim vem ao nosso encontro, dando um caloroso abraço em cada um. Em menos de cinco minutos estamos todos convidados para o seu aniversário, que será celebrado com uma grande festa, em julho.
Assim é o artista plástico Lúcio Piantino, 20 anos. O primeiro contato com os pincéis veio aos 11 meses, quando nem andava ainda. Aos 13 anos fez sua primeira exposição individual, aos 15 tirou o registro de artista plástico profissional, já fez mais de 10 exposições, incluindo uma na Itália. Ah, o artista tem síndrome de Down.
FOTO: LEONARDO ARRUDA/ METRÓPOLESFoto: Leonardo Arruda/ Metrópoles
Aos 20 anos, Lúcio tem mais de 200 telas pintadas e fez 14 exposições, inclusive fora do Brasil

Ao nascer de parto normal no dia 11 de julho de 1995, uma terça-feira, Lúcio demorou algumas horas para ser levado até sua mãe, que já estava ansiosa. Quando finalmente o pequeno chegou, ela tirou os panos que o cobriam, contou os dedos, checou as orelhas e observou todas as partes do seu caçula para ter certeza de que estava tudo certo. Como já tinha duas outras crianças, a mãe percebeu que Lúcio era diferente, muito molinho. Só no outro dia ficou sabendo que o menino nasceu com síndrome de Down.
Ouviu de vários médicos que as crianças que nascem com a condição têm dificuldades para andar, falar, aprender, se desenvolver de uma forma geral, e que não seria diferente com Lúcio. Os médicos estavam errados.
“Eu danço hip hop, pop, funk, forró, faço mágicas, malabares, capoeira, grafite, sou palhaço, ator, pinto, toco bateria e violão. Quer mais?”, pergunta Lúcio com um sorriso largo, mostrando – sem intenção – que os médicos estavam errados, bem errados.
O menino alegre e cresceu sem grandes problemas de saúde e segue firme e forte. Apenas dois episódios médicos marcam sua vida. Com três anos já fazia muita coisa, mas ainda não falava. Só então foi diagnosticado com um problema auditivo. Não ouvia 40% de um ouvido e precisou ir para Bauru (SP) fazer um tratamento. Usou aparelho por três anos e nunca mais precisou.
O mais sério dos casos veio aos 10 anos, quando precisou operar o coração, decorrência de um erro médico. Ele tinha uma fissura no órgão e o doutor disse que fecharia sozinho. A ferida só aumentou e a operação foi necessária.
Em casa, o garoto sempre teve muito estímulo da família. Rodeado por artistas — a mãe é Lurdes Danezy Piantino (conhecida como Lurdinha), designer de jóias e artista plástica, o pai é o artista plástico Lourenço de Bem e o avô paterno é Glênio Bianchetti — Lúcio faz questão de mencionar que ter esses exemplos foi fundamental para desenvolver o seu talento. Os irmãos Pedro, 26 anos, e Joana, 23, também têm a veia artística.
Ele sempre teve a veia artística, desde que pegou pela primeira vez nos pincéis. Até os 12 anos não ensinamos nada, apenas disponibilizados o material. Ele é um pintor."
diz a mãe Lourdes Danezy
Por insistência e luta da mãe pelos direitos do filho, Lúcio sempre estudou em escolas regulares, que supostamente teriam a obrigação de fazer a inclusão do aluno. Mas não foi isso que o garoto e a família encontraram por onde ele passou.
FOTO: ARQUIVO PESSOALFoto: Arquivo Pessoal
Aos 11 meses, o menino teve o primeiro contato com os pincéis e tintas
Quando cursava a 5ª série, o artista foi discriminando por quem deveria dar o exemplo: os professores. Uma delas dava um pulo para trás toda vez que o menino se aproximava para não encostar na criança. Outra, aumentava o volume do aparelho auditivo de Lúcio e gritava ao pé do seu ouvido, mesmo com os pedidos para que ela parasse. Em um caso mais sério, o garoto foi amarrado em um saco plástico junto com as garrafas pets arrecadadas pela escola.
Tanto sofrimento fez com Lúcio desistisse de estudar e, cansada do preconceito, a família concordou. Isso o aproximou ainda mais da arte, pois dedicava seu tempo às tintas e telas. Após um ano fora, ele voltou às salas de aula em uma nova escola. A história não foi muito diferente, mas conseguiu concluir o ensino fundamental.
Agora, Lúcio participa do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA) para terminar o ensino médio. O artista fala em fazer faculdade ou conciliar outra profissão com a carreira de pintor. Entre as opções estão ser advogado, deputado, marinheiro, policial, bombeiro e outras diversas que aparecem de vez em quando. Muitas dessas profissões não permitem por lei candidatos com síndrome de Down.
O talento quebra o preconceito
A paixão pela arte foi súbita. Aos 13 anos, pintou “O Verdadeiro Amor”, seu primeiro quadro. Em 2001, o jovem publicou sua arte no livro “Cadê a síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu…” de autoria da mãe Lurdinha e de Elizabeth Tunes, pela Editora Autores Associados. Aos 13 anos, fez a primeira exposição individual “Matando Aula”, no Espaço Cultural CODEVASF e a segunda exposição “Matando Aula II – O retorno?”, no Jardim Botânico Shopping. Se você acha que os títulos das exposições foram uma provocação ao que Lúcio passou nas escolas, acertou.
FOTO: REPRODUÇÃOFoto: Reprodução
Livro “Cadê a síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu…” publicou os desenhos e pinturas de Lúcio
Entre as tantas exposições que participou, mostrou seu trabalho na “Olhares”, na Biblioteca Nacional e no Museu Nacional de Brasília. Também participou da exposição em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down no Plenário da Câmara Legislativa de Brasília. Expôs “O menino que virou arte” no Espaço Cultural STJ, que posteriormente foi selecionada por edital e teve uma tela na Casa Cor Brasília.
Aos 15 anos, tirou seu registro de artista plástico profissional expedido pela Secretaria de Cultura do DF. Em 2011, fez a exposição “Sou artista” em três locais diferentes. No ano seguinte, o documentário “De arteiro a artista: a saga de um menino com síndrome de Down” , de Rodrigo Paglieri, que conta a trajetória de vida e profissional do Lúcio, foi aprovado e financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), e exibido no 5º Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência — Assim Vivemos. Na mesma época, o FAC também financiou a exposição com 20 quadros do artista, que foram expostos no mezanino do Teatro Nacional e na Cia Lábios da Lua.
As imagens de Piantino foram parar no Domingão do Faustão. Em 2014, ele foi homenageado no Telão do Domingão, na semana em que se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down (21/3).
Seja usando pinceladas grossas ou usando o método dripping, no qual a tinta é aplicada em gotas na tela, Lúcio já produziu mais de 200 telas e tem 14 exposições na conta, considerando as individuais e comunitárias.
Lúcio ganha o mundo 
A família possui um box na Feira da Torre onde expõe os trabalhos de Lurdinha e Lúcio. Como nada acontece por acaso, em 2013, o superintendente da Galleria Nazionale Dell’Umbria, na Itália, Fábio de Chirico, e o presidente do Centro Studi Cittá Del Sole, Giuseppe Capparelli, estavam conhecendo a Feira quando avistaram as telas do artista e se encantaram.
Os homens perguntaram se havia interesse do artista em expor seus trabalhos na Itália e deixaram um cartão com seus contatos. No início de 2014 veio o convite oficial para Lúcio participar do evento Polimaterico, realizado em dezembro daquele ano, na Itália. Seria o terceiro ano do evento que tem como objetivo promover a aproximação das pessoas com deficiência à arte contemporânea.

Os cientistas descreveram as bases moleculares da síndrome de Down

A secção transversal das fibras nervosas da matéria branca do cérebro é normal (à esquerda) e síndrome de Down. Visíveis bainhas de mielina deformado.
Olmos-Serrano et al., Neuron, 2016
Pesquisadores norte-americanos descobriram como síndrome de Down afeta o desenvolvimento e função do cérebro em nível molecular. Descobriu-se que as principais violações relacionadas com a substância branca, composto de fibras nervosas. Os resultados são publicados no Journal of a Neuron .
síndrome de Down - uma doença congénita associada com a presença de um cromossoma 21 extra. Ela provoca malformações múltiplas, principalmente os sistemas nervoso e cardiovascular. Seus sintomas descritos anteriormente, mas o que muda na estrutura do cérebro e levar a ele, não era conhecido.
A equipa de investigação interuniversitária sob a orientação de Boston e da Universidade de Yale analisou o transcriptoma de diferentes áreas do cérebro de ratinhos transgénicos com um análogo do humano síndrome de Down e os animais saudáveis ​​(transcriptoma - um conjunto de RNA mensageiro, que fornecem a síntese de proteínas no modelo de DNA, é um indicador integrante da função das células e que consiste destes tecidos). O estudo utilizou ratos de ambos os sexos a partir do meio do desenvolvimento fetal para a idade adulta. A conformidade com os modelos animais de doença humana confirmadas por análise das mudanças no tecido cerebral de pessoas mortas com síndrome de Down e sem ele.
Verificou-se que a expressão de muitos genes interrompidos na síndrome de Down, estas perturbações têm uma especificidade espacial e temporal clara, associada com processos biológicos específicos e são observados ao longo do genoma. Em particular, o gene de expressão significativa alterações fixos associados com a maturação da viabilidade de oligodendrócitos, e - células de suporte do sistema nervoso central, que servem como suporte para o isolamento e fibras nervosas e sintetizar a sua bainha de mielina.
Como resultado desta reduzida mielinização das fibras nervosas, que por sua vez leva à ruptura da matéria branca do cérebro anterior e do lento transmissão dos impulsos nervosos na mesma. Como resultado, existe um conjunto de desordens neurológicas e inteligentes, característica síndrome de Down.
"A descoberta de que as alterações genéticas que conduzem à ruptura das ligações entre as partes do cérebro, dá um novo alvo todo para o tratamento potencial de síndroma de Down. Os resultados permitirão desenvolver novas estratégias para melhorar o funcionamento do cérebro e melhorar a qualidade de vida ", - disse o chefe do trabalho Tarik Haydar (Tarik Haydar).
Oleg Lishchuk